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Por falta de professor, menina cega coleciona tampinhas para desenvolver atividades e se ocupar em escola de MT

EDUCAÇÃO NÃO INCLUSIVA | 22/04/2019 12h 37min

Evelin Cristina da Silva, de 7 anos, nasceu com deficiência visual — Foto: TVCA/ Reprodução

Uma criança de 7 anos que tem deficiência visual não recebe o acompanhamento devido por falta de profissional especializado, em uma escola municipal no Distrito Rio dos Couros, em Cuiabá, onde não possui profissionais especializados em braille para desenvolver o sistema de escrita tátil.

Para continuar na escola, Evelin Cristina da Silva começou a colecionar tampinhas de garrafa e outros objetos recicláveis para desenvolver atividades e se ocupar durante o período de aula.

A Secretaria Municipal de Educação informou que tem convênio com o Instituto dos Cegos que auxiliam na alfabetização em braille e acompanhamento para desenvolver autonomia na vida diária. Segundo a secretaria, a avó dela foi comunicada que teria que levá-la até o instituto.

A avó da criança, Lina da Silva Marques, disse que não tem dinheiro para o transporte. A secretaria orientou então que ela solicitasse o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que pode oferecer um salário-mínimo à criança para pagar o transporte e outras despesas.

Ela disse que sonha em aprender a ler e a escrever — Foto: TVCA/ Reprodução

Para saber se é possível ter o benefício, Evelin ainda precisa consultar um especialista que deve emitir um laudo. A avó da menina disse que já procurou pelo beneficio e está aguardando resposta.

Lina conta que Evelin nasceu com pouca visão e o problema foi se agravando ao longo do tempo.

Ela tem dificuldades e precisa de alguém para ajudá-la. São muitas crianças para apenas um professor e não tem como dar atenção apenas para ela, precisa ter um especialista”, pontuou.

Os cartazes com atividades colados nas paredes da sala de aula também não atendem as necessidades de Evelin. Para isso, ela desenvolveu a capacidade de decorar tudo o que ouve e, passando a mão pelos cartazes, consegue dizer o que tem em cada um.

 

“O professor me disse o que tem aqui. Meu sonho é aprender tudo e saber escrever”, declarou.

 

O professor Armindo Agostinho de Oliveira disse que já informou a Secretaria de Educação sobre as dificuldades de Evelin, mas não obteve resposta.

“Percebemos que ela tem dificuldades e tentamos ajudar, mas ela precisa de um profissional que ensine braille”, ressaltou.

O preconceito

 

Além das dificuldades no aprendizado, Evelin também precisa enfrentar o preconceito de alguns colegas da escola onde estuda.

Para chegar até a unidade de ensino, a menina acorda cedo e espera o ônibus escolar em frente da fazenda onde ela mora.

Na escola, ela tem um amigo, que sempre procura formas de ajudá-la. No entanto, ela também é discriminada por outras crianças. “Quando chego na escola eles ficam me chamando de cega”, lamentou Evelin.

 

O amigo de Evelin afirma que não gosta da forma como a menina é recebida. “Não acho bom o que fazem com ela. Eles até jogam pedra ”, contou.

Fonte:   G1 MT