Produção de etanol de milho revoluciona o agro e promove desenvolvimento econômico em Mato Grosso
INDUSTRIALIZAÇÃO SUSTENTÁVEL | 07/06/2024 16h 25min
A produção de etanol de milho tem revolucionado o mercado de combustíveis e a produção agrícola, especialmente em Mato Grosso, pioneiro nessa atividade, que tem impulsionado o desenvolvimento dos municípios e mudado a cara das cidades através da industrialização da matéria-prima, que antes era quase totalmente voltada para a exportação.
A implantação da primeira usina de etanol 100% a partir do milho, no país, foi feita em 2017 no município de Lucas do Rio Verde (MT) com a instalação da indústria FS. De lá pra cá, o crescimento da produção no Estado foi de 3.700%, passando de 150 milhões de litros de etanol por ano, para 5,2 bilhões na atual safra, conforme dados do Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind).
O Estado soma 13 usinas de etanol de milho e conforme a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a safra atual local deve representar 67% do total produzido no Brasil, de 7,7 bilhões de litros. Para safra 2033/2034, a expectativa é de que o Estado poderá produzir 9,6 bilhões de litros, de um total de 16,6 bilhões de litros que deverão ser produzidos no país.
“O que podemos dizer é que hoje a transição energética no Brasil passa por Mato Grosso, aqui estamos desenvolvendo soluções que podem servir a outras regiões do Brasil e até a outros países”, ressalta o diretor-executivo do Bioind.
A alta estimada no cenário estadual representaria um salto de 115,19%.
“Hoje, a gente já processa mais de 10 milhões de toneladas de milho, das 45 milhões que são produzidas em Mato Grosso. A tendência é que com a expansão da indústria do etanol a gente processe cada vez mais. Estamos utilizando de melhor forma áreas de produção, utilizando menos recursos e reduzindo nossa pegada de carbono. Não é à toa que nossas indústrias estão entre as empresas com melhores notas de Eficiência Energético-Ambiental (NEAA) do mercado e com crescentes índices de produtividade”, destaca o diretor- executivo do Bioind, Giuseppe Lobo.
Giuseppe Lobo ressalta que o etanol de milho contribui decisivamente para a descarbonização da nossa matriz energética.
Produção e sustentabilidade
Conforme levantamento do Bioind, quatro novas usinas de etanol de milho devem entrar em operação em Mato Grosso nos próximos anos. Das 18 indústrias de etanol instaladas atualmente no Estado, cinco produzem etanol a partir da cana de açúcar, nove a partir do milho e quatro são “flex”, ou seja, produzem a partir das duas matérias-primas.
Giuseppe relembra que antes a produção do milho em Mato Grosso era quase toda exportada e com introdução do etanol de milho foi instalada uma nova indústria no Estado, que agrega valor à matéria-prima de forma sustentável, fomentando a economia.
“A introdução do etanol de milho ampliou a garantia do combustível e deu mais previsibilidade para o mercado, amortecendo, por exemplo, os impactos da entressafra da cana. Além disso, contribui decisivamente para a descarbonização da nossa matriz energética”, aponta o diretor- executivo do Bioind.
Fonte de energia limpa, a Unem destaca que o etanol de milho emite 85% menos gases de efeito estufa, sendo que a pegada de carbono é considerada uma das mais baixas do mundo, representando menos de 1/3 da gasolina.
Na avaliação de Giuseppe Lobo, o etanol de milho é uma das principais fronteiras para a expansão da produção de biocombustíveis no Brasil, sendo uma das rotas para o país ampliar a produção de biocombustíveis e até exportar.
“O que podemos dizer é que hoje a transição energética no Brasil passa por Mato Grosso, aqui estamos desenvolvendo soluções que podem servir a outras regiões do Brasil e até a outros países”, ressaltou.
Levantamento feito pelo Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), mostra que a indústria de etanol local gera cerca de 100 mil empregos diretos, indiretos e induzidos. É o terceiro setor que mais emprega no Estado, atrás apenas do setor de frigorífico e da construção civil.
Transformação econômica
O prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz, falou sobre o quanto a verticalização da produção, por meio da fabricação de etanol de milho, tem transformado o desenvolvimento e a economia do município, que teve a instalação da primeira usina desta bioenergia no país. Entre as diversas vantagens com toda a cadeia envolvida, ele ressalta que a produção de etanol de milho permite independência financeira aos produtores, que passam a não serem mais reféns da variação do preço das commodities, pois atendem ao abastecimento de matéria-prima para a usina e por isso passam a regionalizar os preços, pois não dependem da exportação de milho, como era antes, já que passam a agregar valor com a industrialização.
O prefeito de Lucas do Rio Verde destaca que o caminho é agregar valor através da agroindustrialização
Miguel Vaz defende que o futuro do agronegócio está diretamente ligado à verticalização. Ele lembra que Lucas do Rio Verde é pioneiro em agregar valor à produção, já que além de o município ter tido a implantação da primeira usina de etanol de milho, a FS, em 2017, também está entre os primeiros a terem usina de biodiesel, o que tem refletido diretamente na economia local.
“Estou aqui há 37 anos e tenho muito clara a percepção da transformação e diferença que isso é para a cadeia do agro como um todo e para o município, porque isso gera riqueza para o município pois temos a nossa participação do ICMS e no nosso bolo do ICMS a divisão do município tem valor agregado. O município que está industrializado, que tem uma indústria de etanol, ele tem mais recursos que recebe do Estado, que vêm do ICMS, do índice de participação dos municípios, então isso é extremamente importante. Quando se verticaliza a produção se traz riqueza para o município”, apontou.
Lucas do Rio Verde produz em torno de 1 milhão e 400 mil toneladas de milho e a FS, indústria de etanol e DDG, consome toda a produção, então o município é comprador de milho dos municípios vizinhos, pois a industrialização local consome mais matéria-prima do que a produção abastece, o que é apontado como case de sucesso pelo prefeito.
“Eu não tenho dúvida nenhuma de que para o Estado e para os municípios o caminho é agregar valor através da agroindustrialização, porque nós temos uma capacidade enorme para aumentar a produção já que temos ainda uma grande extensão de áreas de pastagem e boa parte delas degradadas; elas vão ser transformadas em agricultura. Essa visão de buscar valor agregado transformou a realidade do município de Lucas do Rio Verde que não sofre mais com queda do preço do milho ou da soja. A economia do município continua forte porque a indústria não para. O etanol de milho é produzido e consumido 24 horas por dia, todos os dias do ano”, frisou.
"A economia do município continua forte porque a indústria não para. O etanol de milho é produzido e consumido 24 horas por dia, todos os dias do ano”, frisou o prefeito de Lucas do Rio Verde
Futuro do mercado
O presidente da Unem, Guilherme Nolasco, aponta que há grandes perspectivas futuras para o consumo de bioetanol, indistintamente da matriz de produção.
“O etanol deverá fazer parte da estratégia de transição, seja por meio dos carros flex fuel, na adoção de elevados índices de mistura à gasolina, como matéria-prima para produção de combustíveis verdes de aviação, na transição energética dos portos e no hidrogênio verde. Todas essas oportunidades fazem do etanol um importante aliado em meio às diferentes tendência de transição no mundo”, observa.
A Unem avalia que a instalação de novas unidades de usinas de etanol de milho depende não só do crescimento da demanda doméstica, mas também de políticas públicas que possam estimular a produção de veículos flex fuel, híbrido a etanol e de novos mercados para o uso do etanol na aviação, portos e outras estratégias de descarbonização.
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Fonte: Repórter MT