Mãe que tentou pular da ponte por não ter comida para os filhos vive com R$ 294 e viu situação piorar na pandemia
SITUAÇÃO CRÍTICA | 20/12/2021 13h 40min

Desesperada por não ter alimento para dar aos cinco filhos, Larissa de Campos Barros, 25 anos, tentou pular da ponte Júlio Müller, no bairro do Porto, em Cuiabá, na tarde do último domingo (19). Ao Olhar Direto, ela conta que viu a situação se agravar após a pandemia da Covid-19, quando seu marido perdeu o emprego. Atualmente, ela sobrevive com R$ 294 do Bolsa Família, que não é o suficiente para o básico.
Larissa tem cinco filhos (oito, sete, cinco, três e um ano). A primeira a vir foi uma menina, quando a mulher ainda tinha 17 anos. Há oito anos ela está casada e viu tudo começar a ruir no momento em que o marido foi despedido. “Antes, não tínhamos esse problema. Nunca chegou a faltar coisa”.
“Com tudo, veio a pandemia e piorou tudo. Eu tenho esse problema [depressão]. Como eu via meus filhos me pedindo coisas e eu não tendo como dar, achei que fosse resolver. Não tenho trabalho, até porque tenho as cinco crianças para cuidar”, explicou.
O pai das crianças conseguiu um emprego, mas ainda aguarda a abertura da empresa para começar a trabalhar e levar dinheiro para casa. Atualmente, a família depende dos R$ 294 do Bolsa Família, que não conseguem suprir o básico. “Não dá para comprar comida, pagar aluguel”.
Atualmente, Larissa e a família estão precisando da doação de sacolões, fraldas, leite, iogurte, entre outros. Para saber como ajudar, ela pede que as pessoas entrem em contato através do (65) 9 9329-9673. Ela mora no bairro São Mateus, em Várzea Grande.
O caso
Populares viram a mulher na ponte e acionaram a PM. Os homens do 1º Batalhão seguiram até o local e começaram a conversar com a vítima. A mulher disse que estava desesperada devido a ter cinco filhos e não ter nada para comer em casa.
Os policiais então disseram que a ajudariam e ela resolveu descer. Um sacolão foi entregue para ela, assim como brinquedos, ofertados pelo tenente-coronel Pereira, comandante do 1º Batalhão e uma caixa de leite doada pelo cabo Modesto.
Situação extrema
Em busca de ossos de boi, algumas pessoas estão dormindo em frente ao Atacadão da Carne, no CPA 2, em Cuiabá, para receber doações que são feitas todas às segundas e quintas. Já fazem quatro meses desde que a ‘fila dos ossos’ ganhou repercussão nacional e o número de pessoas indo ao estabelecimento atrás de ajuda só aumenta a cada dia.
A fila para receber ossos ultrapassava duas quadras com moradores de todos os cantos da capital mato-grossense. Ao observar as pessoas que vão até o açougue, percebe-se que a maioria é de idosos e mulheres chefe de família. Alguns aposentados, que não conseguem viver com um salário mínimo (R$ 1,1 mil), doentes e desempregados também buscam um auxílio alimentar no local.
O Atacadão da Carne, localizado no CPA 2, tem cerca de 10 anos no local. A proprietária Samara Rodrigues de Oliveira detalha que durante os dias de doações de ossos costuma acordar 4h30 para organizar a ação. Conforme acompanhou a reportagem, as doações só terminam por volta das 11h.
Ajuda
CVV
O Centro de Valorização a Vida (CVV) presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os cerca de 3 milhões de atendimentos anuais são realizados por 3.000 voluntários em 104 postos de atendimento pelo telefone 188 (sem custo de ligação), ou pelo www.cvv.org.br via chat ou e-mail. A entidade realiza também ações presenciais, como palestras, cursos e grupos de apoio a sobreviventes do suicídio – GASS (https://www.cvv.org.br/cvv-comunidade/).
Sobre suicídio
O suicídio é um problema de saúde pública que mata pelo menos um brasileiro a cada 45 minutos, mais do que a Aids e muitos tipos de câncer, porém pode ser prevenido em 9 de cada 10 casos. O movimento Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção do suicídio, iniciado em 2015, visa sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão – www.setembroamarelo.org.br
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Fonte: Olhar Direto