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Policia

Desembargador diz que morte de tenente do Bope foi "lamentável acidente" e Justiça de MT solta policiais militares

JUSTIÇA | 07/05/2019 20h 05min

Foto: Divulgação

Os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça determinaram a liberdade dos policiais militares Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino, acusados de matar morte o tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, em maio de 2017, em Matupá, a 696 km de Cuiabá.

O desembargador Paulo da Cunha foi contrário ao pedido de habeas corpus. Já Orlando Perri e o juiz convocado Francisco Ferreira Mendes Neto decidiram pela liberdade dos acusados.

Para o desembargador Orlando Perri, “a morte do tenente Scheifer foi um lamentável acidente”.

A prisão havia sido decretada pelo juiz da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros, em março deste ano.

Perri, que havia pedido vistas no último dia 30, afirmou que, conforme a ação, no dia 12 de maio de 2017., em Nova União do Norte, foi montada uma barreira pela Polícia Militar, onde passaram duas caminhonetes que não obedeceram a ordem de parada e fugiram. Uma delas saiu da pista, alguns bandidos desceram e trocaram tiros com a polícia.

“Saiu de Cuiabá um grupamento do Bope comandado pelo Scheifer. Chegando lá, ele foi informado que uma das caminhonetes tinha sido vista em um posto próximo a Matupá. Abordaram o motorista que confessou que os companheiros estavam escondidos em uma casa. Fizeram o cerco. Dois tentaram fugir, mas foram detidos. Um outro tentou pular o muro, apontou a arma para o cabo Jacinto, que revidou e atirou”, disse o magistrado.

 

Carlos Henrique Scheifer, tenente do Bope, foi baleado e morreu — Foto: Polícia Militar de MT/ Divulgação

No dia seguinte, os policiais do Bope, comandados por Scheifer, levaram 2h23 para chegar até o local onde foi localizada a outra caminhonete. “O próprio tenente Scheiffer sugeriu que fizessem de conta que iriam embora, num procedimento conhecido como troia, mas foi orientado pelos outros policiais que já estava muito tarde. Os policiais sugeriram retornar no outro dia.

Eles então retornaram à rodovia. O primeiro carro era conduzido pelo sargento Lopes, em seguida o cabo Jacinto, que atirou em Scheifer, depois o soldado Jovino, que era o atirador, por último veio o tenente Scheifer.

Segundo Perri, já próximo ao veículo, todos escutaram um barulho na mata. Todos eles entraram no local. Nesse momento, por volta de 18h, já estava escuro.

“Eles mal visualizavam um ao outro. Ficaram ali, segundo eles, por cerca de 40 minutos. Tudo escureceu. Era silêncio e breu. Num determinado momento, o tenente se levantou, foi para a estrada. O próprio Jovino, que estava a 3,5 metros do tenente, não conseguia enxergá-lo. Mais a frente dele estava o cabo Jacinto. Então ele viu apenas um vulto. Quando o tenente chegou perto do soldado Jovino, a 2,3 metros, veio o tiro do Jacinto. Jovino viu que era o tenente e passou a gritar. Todos foram socorrer. Colocaram o tenente na viatura e saíram rumo ao hospital”, disse o desembargador.

 

O caso

 

Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar apontou que os policiais inventaram um confronto com ladrões de banco para encobrir a morte de Scheifer.

A ação policial terminou com quatro suspeitos presos e dois mortos, além de outros dois que conseguiram fugir.

Ao serem ouvidos durante a investigação, eles mantiveram a versão do confronto. Porém, em julho de 2017, um exame de balística revelou que o tiro que matou Scheifer foi disparado pelo cabo Lucélio Gomes Jacinto.

 

O confronto

 

Polícia encerrou buscas por assaltantes que mataram tenente do Bope no norte de MT — Foto: Polícia Militar de Mato Grosso

Segundo o Ministério Público, os fatos começaram com a perseguição da viatura da polícia, cuja equipe estava sob o comando da vítima, a duas caminhonetes em que estavam os suspeitos de um roubo. Na ocasião, um dos veículos sumiu durante a fuga e o outro perdeu o controle na estrada, quando quatro dos ocupantes já desceram efetuando vários disparos contras os policiais.

A tentativa de prender os assaltantes que, inicialmente, parecia ter sido frustrada, acabou obtendo êxito no dia seguinte com apoio de outros militares que atuavam em cidades próximas.

 

A morte

 

Durante buscas no local do primeiro confronto, o tenente Scheifer foi atingido por disparo de arma de fogo na região do abdômen.

Inicialmente, conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima havia sido atingida por disparo efetuado por suspeito não identificado, que estaria em meio à mata, do outro lado da rodovia.

Após a realização do laudo pericial ficou comprovado que o projétil alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil portado pelo cabo PM Lucélio Gomes Jacinto.

O promotor disse que nenhuma das versões apresentadas pelo autor dos disparo foi plausível. O MP concluiu que a vítima foi atacada de frente e o denunciado afirma que ela estava de costas e, em posição de descanso, embora o acusado assevere que o ofendido se apresentava em posição de tiro, de ataque.

Fonte:   G1 MT