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Policia

Na fronteira com Paraguai em MS uma pessoa é assassinada por dia no mês de junho

13 dias 13 execuções | 14/06/2019 16h 11min

Foto: Léo Veras

Levantamento feito pelo G1 aponta que uma pessoa foi assassinada por dia nas duas primeiras semanas de junho na região de fronteira do Brasil com o Paraguai, a maioria nas cidades vizinhas de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS). Até esta quinta-feira (13) foram registradas 13 execuções, entre as vítimas está uma criança de 4 anos. A polícia diz que a maioria das mortes tem ligação com a disputa pelo tráfico de drogas.

No último assassinato, ocorrido nesta quinta, um rapaz, de 23 anos, foi executado com 15 tiros de pistola 9 mm, a namorada dele, de 19, ficou ferida. O jovem dirigiu por cerca de um quilômetro no lado paraguaio, saiu do veículo, correu e caiu morto no lado brasileiro da avenida.

No mesmo dia, outras duas pessoas foram mortas em Pedro Juan Caballero. Os crimes aconteceram em intervalo de poucas horas. Também na quinta-feira, em Itaquiraí, cidade a 79 km do Paraguai, um comerciante, de 43 anos, foi executado após o carro que ele dirigia ser atingido por 17 tiros. De acordo com a polícia, o crime teria ligação com outros dois assassinatos recentes na cidade.

 

No terça-feira (11) um médico paraguaio, de 50 anos, que morava no Brasil, foi morto ao ser baleado quando saia do hospital em que trabalhava. Na noite do dia 5, três homens foram sequestrados e dois deles mortos. Ao lado dos corpos a polícia do Paraguai encontrou um bilhete escrito à mão, manchado de sangue, em que os suspeitos assinam como 'justiceiros da fronteira' e afirmam que o trio é 'ladrão de moto'.

No primeiro dia do mês, 2 pistoleiros que estavam em uma motocicleta assassinaram a tiros um brasileiro, de 23 anos, que dirigia um carro do lado paraguaio. Na mesma data, uma criança de 4 foi baleada e morreu. Ela estava com o tio em uma motocicleta, ele também foi atingido e está no hospital regional, em estado grave.

 

 

Moro na fronteira

 

No dia 3 de junho, o ministro da Justiça Sérgio Moro esteve em Pedro Juan Caballero para discutir políticas antidrogas. Ele defendeu que é preciso enfraquecer as facções criminosas para combater o crime organizado, a começar pelo poder financeiro dos líderes: "Precisamos isolá-los em presídios de segurança máxima, identificar e confiscar o patrimônio dos chefes do crime".

Ao lado do ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), Arnaldo Giuzzio e do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, Moro ainda anunciou que o Brasil cederá 2 helicópteros para auxiliar a polícia na identificação de plantações de maconha, por meio da operação Nova Aliança.

 

 

 

30 homicídios em 2019

 

Quando somados os números da Polícia Nacional Paraguaia e das policias do Brasil chega-se ao número de 30 execuções na região de fronteira em 2019, o número já é o mesmo de todo o ano passado. A divisão de homicídios da Polícia Nacional diz que 90% das mortes estão relacionadas com o tráfico de drogas.

A avaliação é parecida com a da Polícia Civil, que vê uma intensificação das facções que agem na região. "Cada vez mais se observa uma luta por poder e espaço, os grupos que brigam pelo controle do tráfico aumentaram na região e estão mais diversificados", disse Clemir Vieira Junior, delegado regional Polícia Civil de Ponta Porã.

 

Guerra pelo controle do tráfico

 

A fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã, região sul de Mato Grosso do Sul, sempre foi marcada por execuções, tiroteios, tráfico de drogas e armas. Os confrontos intensificaram-se com a disputa entre facções criminosas pelo controle do tráfico na região. Em 2018, pelo menos 30 execuções estariam ligadas à guerra do tráfico.

A característica violenta da faixa de fronteira ganhou ares de guerra em 2016, após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, conhecido como "rei da fronteira", executado com tiros de metralhadora. O G1 traçou um panorama da disputa pelo tráfico na região que inclui nomes como Jarvis Pavão e Minotauro, traficantes que estão presos no Brasil.

 

Segundo o promotor do Ministério Público do Paraguai, brasileiros também estariam envolvidos na disputa pelo domínio do tráfico na região, e são maioria entre as mortes registradas:

"Estamos vendo muitos cidadãos brasileiros que vivem aqui e que estão ligados a este tipo de crime e terminam sendo executados ou cometendo homicídios ou refugiando aqui em Pedro Juan ou Ponta Porã, comentou o promotor Armando Cantero Fassino.

Fonte:   G1 MS