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Policia

Perícia confirma que onça morta a tiros no Pantanal em MT era monitorada por ONG desde novembro

ONÇA MORTA | 24/05/2022 08h 38min

Homem aparece abraçado com onça em vídeo — Foto: Reprodução

Um laudo pericial confirmou que a onça-pintada que aparece em um vídeo morta com um tiro na cabeça, em Poconé-MT, no Pantanal mato-grossense, se tratava do animal chamado ‘Queixada’, que era monitorado pela Ong Jaguar Identification Project.

A prova foi elaborada pela Gerência de Perícias em Áudio e Vídeo da Politec e entregue à Delegacia de Poconé-MT, no dia 16 deste mês.

O fazendeiro Benedito Nédio Nunes Rondon, que aparece no vídeo abraçado com o animal, foi preso em abril deste ano suspeito do crime.

No entanto, ele foi solto após pagar fiança de R$ 166,8 mil.

No depoimento, o suspeito afirmou que o vídeo era antigo, que o animal foi encontrado morto há mais de um ano, e que as imagens foram editadas.

 

De acordo com o delegado Maurício Maciel Pereira Junior, o resultado da perícia corrobora com a materialidade do crime de caça de animal silvestre e contrapõe a versão apresentada pelo fazendeiro.

 

“Consigo ter a convicção, a prova objetiva e técnica que me diz que essa onça estava viva em novembro de 2021, o que põe por terra o argumento da defesa de que fazia mais de um ano que o vídeo havia sido produzido”, disse.

 

Onça era monitorada por ONG e foi fotografada viva em novembro de 2021 — Foto: Fernando Frosini
Onça era monitorada por ONG e foi fotografada viva em novembro de 2021 — Foto: Fernando Frosini

 

A perícia

 

A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) informou que a análise foi realizada com base em duas imagens, sendo a primeira uma fotografia tirada em novembro de 2021, que consta no guia de identificação de onças de uma pousada da região, e o vídeo que mostra o homem abraçado ao animal morto.

O exame pericial partiu da análise do padrão de pintas do animal, que, conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), são características individualizantes das onças-pintadas.

Conforme a perícia, as pintas localizadas na região da cabeça, nuca e cauda são sólidas, porém nos flancos elas formam rosetas grandes ou pequenas, fechadas ou abertas, com ou sem pintas no interior. Essas marcas são variadas e podem ser usadas para identificar uma onça individualmente, como se fosse uma impressão digital.

Segundo o perito oficial criminal responsável, Ozlean Dantas, nos exames realizados foi possível notar fortes convergências nos padrões das pintas localizadas na região do flanco direito do animal.

Baseado nesses resultados, o perito concluiu que o resultado dos exames está de acordo com a hipótese levantada nas investigações de que o animal que aparece no vídeo é o mesmo fotografado vivo em novembro do ano passado pela pousada.

 

Monitoramento da onça

 

A onça-pintada já havia sido identificada, por voluntários da ONG, como 'Queixada', um jovem macho que era monitorado. No entanto, ainda precisava do laudo para confirmar o caso judicialmente.

Segundo a ONG Jaguar Identification Project, a onça foi avistada pela primeira vez no Pantanal em novembro do ano passado.

Em uma publicação nas redes sociais, a organização disse que realizou a identificação do animal.

"Fomos avisados pelos donos da Fazenda Piuval pedindo para verificarmos se este indivíduo é um de seus machos residentes. Estávamos com dor de estômago quando encontramos a onça morta. Este não é o tipo de identificação que queremos fazer, mas esta informação é extremamente valiosa dando mais peso ao caso quando o condenarem à prisão", disse a ONG na publicação.

 

O caso

 

Em um vídeo que circulava nas redes sociais no começo deste mês, mostra o suspeito ao lado da onça morta, com uma pistola em cima do corpo do animal.

Durante a filmagem, o suspeito confessa o crime dizendo que matou a onça, e ainda zomba sobre o corpo do animal silvestre, dizendo que ela “não valia nada” e que se fosse uma fêmea aproveitaria para ter relações sexuais com o animal.

Conforme a Polícia Civil, o suspeito teria outras armas de fogo, além de couro, patas e outros materiais decorrentes de caça ilegal de animais silvestres na casa e na fazenda dele.

A defesa do fazendeiro contestou a informação repassada pela polícia de peças de caça ilegal estariam em posse do acusado. Também negou que ele seja caçador e responsável pela morte da onça.

Segundo manifestação do advogado Anderson Nunes de Figueiredo, os vídeos são antigos e foram editados e divulgados, o que poderá provar isso em perícia judicial.

 

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Fonte:   G1 MT